segunda-feira, 1 de abril de 2013

Sementes



                   Não. Nem luz, nem nada. Só a existência vazia deste quarto a não ser por um ser que pensa. E escreve tentando decifrar tudo aquilo que pensa. Talvez esteja aí o erro. Pensar. O que não nos garante que tudo é sonho para além desta tela projetada chamada mente? Melhor não saber. Ou nem ousar pensar sobre isso. O que me conforta é saber que existo. Mesmo apesar da necessidade de me interrogar sobre questões filosóficas e que nunca me levaram a ponto algum. O que me interessa, e que, sob alguma perspectiva faz o meu universo todo ser diferente, é saber , que em algum lugar deste planeta um coração bate. Teus olhos cerrados, o ar entrado frio e saindo quente das tuas narinas. Teu peito se enchendo e esvaziando... As vezes eu penso que é o meu amor que te mantém vivo. Por mais que eu saiba que não é. Mas pensar assim trás todo um sentido novo à essa minha existência orgânica e passageira. Te olhar assim, dormindo. Te olhar de longe com os meus olhos cerrados. Um olhar interno que é mais verdadeiro que milhares de olhos abertos, que enchergam mas nâo vêem. Pode parecer um detalhe somente, uma pulserinha amarrada no meu braço esquerdo. E com ela as lembranças de tudo que eu trago de você. Teus olhos de menino, tua alma de criança, teu jeito singular de chegar de mansinho, de pedir carínho e atenção. E mais tudo aquilo que não pode ser descrito em palavras mas que fica subentendido no brilho dos meus olhares. A distância não significa nada perto do espaço que você ocupa aqui dentro de mim. Contigo eu acordo e vou dormir, com meus pensamentos em você, te cuidando, te levando sempre assim, comigo. Sementes... tudo que eu quero agora... é cultivar dentro de mim essa paz que você trouxe pro meu coração. Tudo que eu sei é que eu te amo, e isso basta. Qualquer palavra a mais e meus olhos hão de derramar-se. O que sinto é o que fica, eterno. Do resto, nada sei.


Yuri Volpato Santos