segunda-feira, 6 de dezembro de 2010


As vezes o meu peito dói de um jeito sem pensar. De uma dor calada, em silêncio,solidão. Com ares de luto e mistério. Aéreos e ligeirinhos, vaga-lumes, pirilampos, vindos de todos os campos e cantos vão aparecendo , um a um, no cair da tarde. Quando o meu olhar morre triste como uma flor seca na janela de casa, é já é noite no céu das montanhas que rodeiam o sertão. Meu coração arde que nem doença...uma dor derradeira, dor de saudade, maior do que o tempo e o espaço dessa vida, ultrapassando todo o meu entendimento do que é sofrer...Uma dor que força meu ser à expansão, cartase, e as vezes lágrimas... Que me joga pra um mundo de infinitas possibilidades, me fazendo ser maior do que jamais sonhei ser ... É nesses horas, talvez por redenção e cura, que eu me lembro do amor. Não desse amor, parcial, quotidiano e tributável dos homens. Amor racionado, sujo, como sangue doente pingando, gota a gota, da veia que se deixou aberta. Eu me lembro de um amor maior, substantivo, mas tendendo a verbo. Amor, como o grande sentimento, indivisível, impenetrável. Amor silêncio, tal que à ele as palavras fazem reverência e em respeito se ajoelham, nada mais pode ser dito. Esse amor que é como um oceano, cuja totalidade só entende Deus e talvez alguns astronautas. Mas a ousadia é minha por natureza, e minha alma me arremessa à tentativa derradeira. Eu fecho os olhos, e por alguns segundo deixo meu corpo... Tento esquecer de mim, no estar,como matéria e lembrar de um eu maior, adormecido no espírito. Esse sim, verdade. Vou existindo até me transportar pra junto de Deus e plantar algures no espaço...Sem forma, sem medidas , sem o peso demasiado extravagante das idéias...Sobre-voando o planeta azul, de um modo misterioso e um tanto meu. Sentindo cheiro de maresia, ouvindo o barulho das ondas e mergulhando nas águas de todas as praias. No fim, eu encontro, sei que sempre encontro e encontrarei, em algum lugar dentro de mim. Esse amor que eu busco, maior que o existir, Amor, oceano...


Yuri Volpato Santos 06/12/2010 21:11

sábado, 4 de dezembro de 2010



Eu queria encontrar um jeito de fazer uma surpresa pra você. Eu juro que pensei em muitas coisas. Não me lembro nem quantas de tantas, de tantos jeitos possíveis pra te fazer sorrir, pra ver a luz dos teus olhos refletida no meu rosto, pra ver seu sorriso se abrindo tal como o sol é alegre quando começa um novo dia ou como as flores celebram por saber que é primavera. Ou talvez não foi surpresa nenhuma, mas só mesmo uma desculpa, pra passar o tempo ao seu lado .Eu pensei em música, teatro, dança e fotos, até fogos de artifício eu pensei. Mas escolhi a poesia. Esse meu modo doce de tocar as palavras é o melhor de mim. Essa minha paixão por dedilhar, escolher uma a uma, limpar, aparar os excessos, tirar os espinhos, arranjar e fazê-las belas, tal qual um jardineiro preparando um ramalhete de flores. Mergulhar na poesia é pra mim como tomar um banho quente de rio, ou correr livre pela margem molhada das praias quando os últimos raios de sol estão se deitando sobre a linha do horizonte. Escrever é criar um mundo só meu, com céu, mar e estrelas e tudo. Mesmo que esse céu seja a tua pele tocando a minha e as estrelas sejam teus carinhos brilhando como pontos de amor nos véus da minha alma. Fazer poesia pra mim é um modo de ser. É o ápice do meu existir. Escrever pra você é um modo de comover a minha alma e ao mesmo tempo dizer que eu te amo.
Eu nunca foi tocado por um amor assim. Tão intenso que chega a ser constrangedor. Tão misterioso que foge ao seu próprio significado. Essência escondida no meio de perguntas que nunca serão respondidas. Talvez porque não haja respostas. E seja só isso mesmo. Um amor maior que qualquer significado. Cuja existência, por si só basta. E seu propósito é a chama que nunca se apaga. Que me faz voltar pra você todos os dias. Re-acreditar em mim, desconstruir-me e me reerguer a cada instante, como as areias de um deserto sem fim dançando no tempo e no espaço. A tua falta é tudo que me consome. Do mesmo jeito que a tua presença, quando eu tenho você ao meu lado. Lembrar de você e não ter você aqui é como ouvir uma música triste, que vem de longe , se derramando pela paisagem de um horizonte sem fim, e apenas passa, mas nunca fica. Uma melodia que meche por inteiro comigo e acende ainda mais a minha vontade de você. Saudade, saudade, sempre...