terça-feira, 22 de abril de 2014

Verão







É porque eu tenho saudade. Quando eu lembro de a gente conversando debaixo do pé de manga da dona Geralda. É porque o sertão de Minas sempre viveu dentro de mim. Acho que fui eu que nasci dentro dele, e depois veio você, que nasceu dentro de mim. É porque eu tenho saudade da tua cor desenhada pelo sol, do sorriso no teu lábio lambuzado de fruta. Do reflexo dos teus sorrisos nos meus olhares. É porque eu sei, que desde aqueles dias, a gente já se amava. O que foi do pé de manga, da dona Geralda, das tardes na roça ? O que foi disso tudo ? O que foi da gente? Eu fico remoendo essas experiências porque gosto de lembrar com uma certa nostalgia e conforto os dias em que eu te contava as minhas histórias, o tempo em que a vida era mansa, e que amar era fácil.  Éramos apenas dois meninos. Hoje somos dois homens. E as folhas verdes da mangueira tornaram-se telas de computador em  preto e branco. E a distancia de chão de terra que nos separava se tornaram milhas e milhas entre dois continentes. E a minha cama onde você vinha escondido pra passar a noite comigo se tornou só eu e a minha cama de solteiro, e a lembrança de quando a gente era moleque. De quando a gente era , pouco mais do que meninos crescidos, entendendo a nós mesmos, descobrindo o que era amor. Eu lembro das tardes de sol em que você me levava pra pescar , e tudo terminava sempre, em banho de rio ou de cachoeira, os nossos corpos se conversando no silêncio dos olhares. O barulho da mata escondendo aquele segredo tão nosso, de que não há mistério no mundo, e que tudo vale a pena...

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