É
porque eu tenho saudade. Quando eu lembro de a gente conversando debaixo do pé
de manga da dona Geralda. É porque o sertão de Minas sempre viveu dentro de
mim. Acho que fui eu que nasci dentro dele, e depois veio você, que nasceu
dentro de mim. É porque eu tenho saudade da tua cor desenhada pelo sol, do
sorriso no teu lábio lambuzado de fruta. Do reflexo dos teus sorrisos nos meus
olhares. É porque eu sei, que desde aqueles dias, a gente já se amava. O que
foi do pé de manga, da dona Geralda, das tardes na roça ? O que foi disso tudo
? O que foi da gente? Eu fico remoendo essas experiências porque gosto de
lembrar com uma certa nostalgia e conforto os dias em que eu te contava as
minhas histórias, o tempo em que a vida era mansa, e que amar era fácil. Éramos apenas dois meninos. Hoje somos dois
homens. E as folhas verdes da mangueira tornaram-se telas de computador em preto e branco. E a distancia de chão de
terra que nos separava se tornaram milhas e milhas entre dois continentes. E a
minha cama onde você vinha escondido pra passar a noite comigo se tornou só eu
e a minha cama de solteiro, e a lembrança de quando a gente era moleque. De
quando a gente era , pouco mais do que meninos crescidos, entendendo a nós
mesmos, descobrindo o que era amor. Eu lembro das tardes de sol em que você me
levava pra pescar , e tudo terminava sempre, em banho de rio ou de cachoeira,
os nossos corpos se conversando no silêncio dos olhares. O barulho da mata
escondendo aquele segredo tão nosso, de que não há mistério no mundo, e que
tudo vale a pena...
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