sexta-feira, 18 de setembro de 2009


Eu nunca descubro que devaneios circundam por trás daqueles olhos
Que num misto de tudo dizer e nada falar conspiram contra os meus desejos mais secretos ]
Ele é todo um enigma e sedução
Ele é um segredo que eu gosto de desvendar em cada troca de olhares...
É o deslumbramento de toda uma realidade inerente à mim,
Mais verdade que as verdades que carrego comigo

E por nunca saber o que dizer.
Acabo por calar-me, guardando pra mim os prazeres que tenho pra ele,
Todos muito úmidos e latentes, em estado de sonho inebriante, de uma paixão líquida e pulsante, esperando...
À fecundar-se um dia no pecado que emerge, translúcido , pelos vales férteis daquelas carnes

E enquanto nos braços não tomo o brio da realidade , fico à imaginar como seria possuí-lo na eternidade de um vão momento,
Contê-lo num ímpeto de volúpia e exaspero,
Beijar-lhe a boca e afagar-lhe os cabelos,
E balbulciar no ouvido dele as malícias de um homem corrompido pelos seus desejos mais profanos...
Tudo que sinto nele é um misto de êxtases máximos convertidos em tentação,
Tudo que me move é essa força que desconheço,
que de soslaio me debruça e entre arrepios me amaldiçoa,
E me arremessa inerte ao deleite de suas infindáveis estradas curvilíneas...

À evocar os velhos prazeres de corpos vorazes,
À incendiar-me com a mesma volúpia de torpes amores sagazes,
permanecemos...
dividindo na mesma cama a paixão que fecunda , e transborda e alucina...
Os meus braços desenham abraços no corpo dele
E nossas bocas, dançando a valsa que integra a chama , reproduzem o amor que nunca se achou em nenhuma poesia ]
É tudo suaves delícias ,
de amores, de amares e carícias,
de perversas promessas promíscuas...
E já não sei mais onde eu começo e onde ele termina]

Tragado pelas entranhas da loucura o do delírio,
me perco no emaranhado de nossos corpos desnudos e inatingíveis...
Com o gosto do beijo recendendo na boca e a marca do amor latejando no flanco,
com meus lábios em leite , se esparramando e se dissolvendo pelo corpo moreno desse homem, eu me entrego...

Até mesmo a voz dele me excita e me usurpa
quando a alma me transpassa como flecha ]
E de um calor repentino me devora e me assassina e me arrebata...
E já somos como que um só,
Imersos numa efusão de luxúria pecaminosa e avassaladora...

Eu só quero amar assim de novo se for com ele , se for por ele , e se for para sempre...
Se eu puder me esvair mais uma vez da rotineira lucidez de mim mesmo naqueles negros olhos cativos...
Me perder de novo no mistério que recobre aquele corpo e me deixa assim...um tanto real , outro tanto aéreo...
Muito aéreo porém terreno,
Preso à infeliz realidade dos seres, ao meu corpo regresso
Foi só um sonho bom.

Parado deste mesmo lado da rua , meu amigo vem até mim
Um pouco conversamos e depois nos despedimos,
e eu levo de volta comigo todo o amor que preparei pra ele

Ele não é meu e nem mesmo sabe que já sou dele, por isso , não nos amamos...
Não sabe todo o amor que lhe devoto e quanto sua existência faz se vida na minha vida

Mesmo assim eu o desejo , e sou feliz por isso...

Incondicionalmente,

Unilateralmente,

Até que um dia nos encontremos de novo,
talvez errantes, talvez predestinados ,
talvez eternos amantes , perdendo-se na confusa vastidão de nós mesmos...
Serpentando como o vago ouro lustroso que se projeta das estrelas e vem,
como eu,
vencendo águas escuras de infinito,
até ser de novo luz nos olhos dele, até renascer de novo,
como amor nos olhos dele,
nesses olhos que eu tanto quero pra mim...


Yuri Volpato Santos

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